sábado, 27 de fevereiro de 2010

Viagem para a Guatemala



Olá pessoal! O Jon escreveu no blog dele no MySpace essa semana sobre uma viagem que ele fez para a Guatemala como embaixador da UNICEF. Como nós já sabemos o Jon é muito preocupado em ajudar as regiões mais pobres do mundo, principalmente as crianças. Ele já visitou outros locais pobres e também fez uma campanha para ajudar o Haiti após o terremoto que atingiu o país. O exemplo do Jon é realmente emocionante, pois sabemos que se nós que somos privilegiados não fizermos nada a situação de países como a Guatemala jamais ira mudar. A tradução do texto do Jon segue abaixo para vocês:

Olá pessoal –

Eu recentemente assumi a posição de embaixador da UNICEF e acabo de ir à minha primeira viagem para a Guatemala com um grupo de pessoas da UNICEF. Foi uma ótima viagem – lindo país. De qualquer maneira, eu escrevi um texto para o site da UNICEF e pensei em dividir a experiência com vocês também.

Espero que todos estejam bem! -j-

Estou sentado em um avião voando sobre o Golfo do México nesse exato momento retornando da minha primeira viagem de campo da UNICEF para o lindo país Guatemala. Eu fui nessa viagem com minha linda esposa (que está sentada do meu lado) e outras onze belas pessoas de todas as partes dos EUA que fazem parte da Próxima Geração UNICEF ou que trabalham diretamente para a UNICEF. Agora, eu estava nervoso de ir nessa viagem. Eu sempre fico nervoso antes desse tipo de viagem. Eu não estou com o controle da programação, eu não conheço as pessoas com quem estou indo, o quão ruim as condições vão ser nesse país?, e se eu não puder fazer nada para ajudar?, e como sempre quando viajando para fora dos EUA, eu vou com o medo de ser observado como um arrogante, um americano que não está ligado em nada que veio consertar um problema.

Bem, falar que essa foi uma ótima viagem seria um terrível eufemismo. Seria um eufemismo dizer que eu não fui encorajado e inspirado pelas pessoas que eu conheci que vivem e trabalham na Guatemala.

Nosso grupo era formado por mim, minha esposa, e outras 11 pessoas da UNICEF, todas dos EUA, um intérprete (Maricio), e 3 pessoas da equipe da UNICEF que vivem e trabalho na Guatemala e nós viajamos pelo país com um pequeno ônibus tripulado por um guia turístico chamado Edgar e um motorista chamado Carlos que tem uma incrível-super-humana habilidade para dirigir. Primeiro nós visitamos o Hospital Roosevelt na Cidade da Guatemala onde nós conversamos com o brilhante time de médicos e enfermeiras que trabalham todos os dias para curar o mar de pessoas que transbordam nas portas do hospital e nas calçadas. Eles nos contaram sobre a dificuldade de não apenas curar as doenças, mas também educar as pessoas – alguns não falam nada de espanhol. Uma tarefa difícil para dizer o mínimo, mas eles estão fazendo isso.

Nós viajamos para a cidade de Quetsatenango e encontramos com alguns dos membros do Parlamento da Infância e Adolescência. Essas incríveis crianças, indo de 11 até 19 anos, nos informaram sobre os trabalhos que eles tem feito como líderes em suas comunidades tanto quanto representando os jovens em nível nacional de governo. Em um país onde os direitos das crianças são geralmente negligenciados, o trabalho que essas crianças estão comprometidas é uma batalha difícil... mas eles estão fazendo isso.

A melhor parte de toda a viagem foi estar com as crianças. Nós visitamos uma creche pública em Quetzaltenango e conversamos com uma mulher chamada Natalia que faz um trabalho maravilhoso comandando a creche. Ele nos deu um tour da simplicidade, mostrando para nós onde as crianças comem, dormem, brincam, etc. Ela nos mostrou a cozinha aonde vimos uma completa revisão da programação das refeições e estou feliz de dizer que, enquanto essas crianças estão na creche, elas estão tendo exatamente o tipo de alimentação saudável que precisam. E claro que nós passamos um tempo com as crianças, conversando, tirando fotos, jogando futebol, etc. Nós também dirigimos para uma área rural e visitamos uma escola primária em San Cristobal Totonicapan. Nós fomos a todas as três salas de aulas, que tem cada uma duas séries, e conversamos com os professores sobre como as aulas são coordenadas, o que as crianças estão aprendendo, como as crianças vão e voltam da escola, etc. Eu acho que nós amamos essas visitas pela óbvia razão de passar tempo e brincar com as crianças da Guatemala, mas acho que também nos deu uma noção tangível de como a UNICEF está melhorando diretamente a vida dessas crianças e isso nos deu a chance de perceber como nós podemos melhorar sobre o que já tem sido feito.

Enquanto estávamos em St. Cristobal, nós visitamos um centro de saúde onde um grupo de mães da comunidade vem para conseguir comida e aconselhamento nutricional, medir o progresso do crescimento dos seus bebês, e pegar suprimentos com pacotes de Sprinkles, um suplemento de dieta para ajudar a combater a desnutrição. No centro, eles nos contaram sobre como o Sprinkles funciona e como eles os distribuem e, mais importante, como eles estão vendo os resultados. Depois nós dirigimos algumas horas acima na montanha para uma comunidade bem rural e fomos à casa de algumas das famílias guatemalas que tem usado o Sprinkles. Eles nos convidaram a entrar e nos mostraram como eles usam o micro-nutriente, e nos contaram como eles estão felizes com os resultados que estão vendo em suas crianças.

Então essa viajem foi uma excelente oportunidade para ver o progresso que a UNICEF está fazendo na Guatemala e a diferença que estamos fazendo na vida das pessoas.

Entretanto...


Dizer que essa viagem foi frustrante também seria um eufemismo. Entre 40 e 45 % das 13,6 milhões de pessoas vivendo na Guatemala tem menos de 18 anos. Eu acho que existem algumas vantagens para essa estatística, mas eu também aprendi sobre os desafios que esse fato gera como um problema crescente de gangs e um elevado índice de desistência nas escolas do país. Existem apenas 18 juízes na Guatemala que presidem casos envolvendo menores. Nós visitamos um tribunal em Quetzaltenango e vimos como a logística do atual processo judiciário melhorou, mas 98%de todos os crimes registrados na Guatemala ainda ficam impunes. Nós realmente percebemos o quão profundamente o problema com o sistema legal vai. Em um país onde crimes sexuais contra crianças, como molestação e pornografia, só foi considerado ilegal no ano passado, é óbvio que a UNICEF não está apenas tentando corrigir um sistema legal corrompido, eles estão tentando mudar mentes deturpadas.

Provavelmente o momento mais sombrio da viagem aconteceu mais tarde naquele dia quando nós visitamos um abrigo para crianças migrantes. Nós paramos no abrigo ao lado de outro ônibus que carregava precariamente 40 migrantes da Guatemala que tentaram sem sucesso cruzar a fronteira norte para o México. Uma vez capturados eles tinham que esperar por esse ônibus que passa toda terça-feira e sexta-feira para levá-los de volta para a Guatemala para esse abrigo. Então, naquela terça, nós ficamos de fora do nosso ônibus observando enquanto um por um, eles desceram do ônibus deles e passaram pelo pequeno grupo de membros das famílias aguardando e entraram no abrigo. Então nós abarrotamos uma pequena sala de jantar onde esse grupo ia ser instruído e alimentado. As mulheres que comandam o abrigo nos explicaram que o grupo ficaria no abrigo pelo menos 48 horas enquanto eles coletavam informações de cada um deles e entravam em contato com seus familiares. Ficar ali naquele pequeno cômodo foi muito difícil, muito desagradável e muito desconfortável. Foi como se todo o nervosismo que eu senti me dirigindo para essa viagem tivesse sido por esse momento. Ali estávamos nós, nosso pequeno grupo de americanos privilegiados visitando a Guatemala por uns poucos dias, olhando um grupo melancólico de pessoas, todos com suas tristes histórias individuais, que tinham acabado de arriscar suas vidas em uma tentativa perigosa de sair do seu país e de sua situação para começar uma nova vida em algum outro lugar (talvez mais precisamente) em qualquer outro lugar... e isso não funcionou. Eles foram pegos. E nós estamos lá naquela sala com eles enquanto eles ouviam que estavam há apenas 48 horas de ir diretamente de volta para seja lá o que for ou quem for que os fez sair para começar.

Em que mundo injusto e desequilibrado nós vivemos.

Por mais compaixão que eu senti por aquelas pessoas, eu também me senti desconectado deles. Eu senti todas as diferenças que existem entre nós. Eu senti toda a vantagem injusta que eu recebi e eles não. Eu me senti bem longe de casa naqueles momentos e, ao mesmo tempo, eu talvez nunca tenha estado mais consciente de onde eu vim do que naqueles momentos. Em pé naquela sala com eles, eu me senti muito consciente da minha afetuosa família. Eu me senti muito cônscio da minha agradável, quente casa em Indiana. Eu me senti muito consciente do país em que vivi que tem leis e sistemas no lugar que protegem seus cidadãos. E agora eu estou consciente desses 40 imigrantes da Guatemala.

Eu estou consciente da Guatemala.

Eu sei que lugar belo é. Eu conheço algumas das belas pessoas que vivem ali. Eu sei que tem o 4º lugar em desnutrição crônica no mundo. Eu estou consciente da pobreza e da corrupção do governo e da necessidade de educação e as listas de necessidades que não acabam. E eu conheço algumas das incríveis pessoas trabalhando no escritório da UNICEF que estão comprometidas a mudar. O trabalho deles me faz querer trabalhar. A esperança deles me dá esperança. E, nas palavras de Cynthia, uma garota de 14 anos de Quetzaltenango, a esperança é a última que morre.

No momento ouvindo:
Bomb in a Birdcage
Por: A Fine Frenzy
Data de lançamento: 2009-09-08

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